Manuela Amaral é

Auto de fé

Não me arrependo dos amores que tive
dos corpos de mulher por quem passei
      a todos fui fiel
      a todos eu amei

Não me arrependo dos dias e das noites
em que o meu corpo herói ganhou batalhas
A um palmo do umbigo eu fui primeira
      a divina
      a deusa

a verdadeira mulher – sem rival.

Amei tantas mulheres de que nem sei o nome
eu só me lembro apenas
      de abraços
      de pernas
      de beijos
      e orgasmos

E no amor que dei
e no Amor que tive
eu fui toda mulher – fui vertical

Eu fui mulher em espanto
fui mulher em espasmo
fui o canto proibido e solitário

      Só tenho um itinerário: Amor-Mulher.


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