Puta-Maria
Infeliz vai sentida:
mal sabe o papel
que tem na vida.
Dar prazer e guarida;
do amor ser sossego
a quem nunca teve partida.
Do suor fazer tempero,
e da flor nunca ter afago;
doutro corpo o acre-cheiro.
O gozo presente negado,
e na pele o rasgo nu;
por amor algum trocado.
Infeliz vai adormecida;
pela paga não tem fome,
é gruta santa da forte cuspida.
É Maria,
é Puta-Maria,
é santa
da putaria.
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