Entardecer
 
Sentada na soleira do portado, 
gozando a doce calma, estava a bela 
com seu longo cabelo descuidado, 
a saia recuada, a perna à vela. 
 
O sol poente, viscoso e descarado, 
pintou o fim da tarde em aguarela 
e foi beijar-lhe a púbis, delicado, 
qual brisa aflorando negra vela. 
 
Cheio de tesão, ergui-me e avancei 
feito a lançar a mão sobre o que olhei, 
alinhavando umas desculpas toscas. 
 
Porém, ao alcancar-lhe a poejeira, 
lamentei amargamente aquela asneira 
pois não eram pintelhos mas, sim, moscas. 
 
  
	
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