Poema do "galinha"
Se posso fazer uma queixa
Se tenho um desgosto profundo
É o de saber que se o mundo
A cada dia que o deixa
Me desse uma mulher diferente
Eu morreria certamente
Sem ter vivido a contento
Sem conhecer um por cento
Das que teria querido
Mulher, és um fruto da terra
E não podes dizer que erra
Aquele que saboreia a uva ou a amora
Mas que mangas e ameixas adora
Quase não encontro quem negue
Que tu és o doce da vida
E tanta doçura te foi entregue
Que te apresentas dividida
És mil-folhas de mel e canela
Raspas de fundo de panela
Peitinho-de-moça e cocada
Torta perfeita açucarada
Como as flores tão bem conhecidas
Varias em textura e fragrância
És rosa, violeta, hortênsia
Sempre-vivas, acácias, margaridas
Em todas procuro o todo
Mas cada uma tem parte que quero
Se só juntas possuem o que espero
Tomar uma apenas é engodo
Não lamentes se permito
Que meu olhar se desvie de ti
Pois sendo o meu amor infinito
E dá-lo a outras resolvi
Não te subtraio, sou rico
Somei, não dividi
A ti mulher da minha vida
E às outras que conheci
Dedicarei minha lida
E as obras que construí
E quando chegar a partida
Relembrarei com carinho
Das frutas e das horas floridas
Que me adoçaram o caminho
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